terça-feira, 14 de abril de 2009

A Uma passante

A rua ensurdecedora ao redor de mim agoniza.

Longa, delgada, em grande luto, dor majestosa,

Uma mulher passa, de uma mão faustosa,

Soerguendo-se, balançando o festão e a bainha;

Ágil e nobre, com sua perna de estátua.

Eu, embevecido, inquieto como um extravagante,

Em seus olhos, o céu lívido onde se oculta o furacão,

A doçura que fascina e o prazer que destrói.

Um clarão... depois a noite! - Beleza fugidia

Cujo olhar me faz subitamente renascer,

Não te verei senão na eternidade?

Alhures; bem longe daqui! Muito tarde! Jamais talvez!

Pois ignoro onde tu foste, tu não sabes onde vou,

Ah se eu a amasse, ah se eu a conhecesse!


Tradução de Marco Antonio Frangiotti

(in Baudelaire: Oeuvres Complètes,

Paris: Ed. Robert Laffont, S.A. 1980, pgs. 68-69).

Um comentário:

  1. Poxa esse poema é demais como foi vivido intesamente essa paixão do pela mulher que vinha passando.Ver-se assim que o importante é viver o momento mesmo que seja em fração de segundos.

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